quarta-feira, 17 de setembro de 2014

"Mientras por competir con tu cabello" (tradução de um soneto de Góngora)



















Enquanto ao competir com teu cabelo,
Ouro polido o sol em vão se empina,
Enquanto com inveja na campina
Mira tua alva fronte o lírio belo,

Enquanto ao lábio teu, para retê-lo,
Mais olhos veem que ao cravo que germina,
E enquanto tua pele predomina
Sobre o cristal translúcido do gelo,

Goza a fronte, o cabelo, o lábio e a pele
Antes que o que foi sob a luz dourada
Cristal, lírio, ouro e cravo se desvele

Não apenas em prata e flor ceifada,
Mas, sujeito ao tempo e ao trabalho dele,
Em terra, em fumo, em pó, em cinza, em nada.

Tradução de Emmanuel Santiago

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